Um dia, sentarei em um bom e confortável sofá da minha casa, chamarei os meus filhos e os colocarei diante de mim sentados em um tapete que tomará boa parte da sala de estar, escolhido cuidadosamente por minha esposa para combinar com os outros móveis da sala, e os contarei grandes estórias que vivi, como da vez que eu fui um membro dos Hassassin e lutei contra os templários durante séculos, ou quando ajudei um grande amigo a levar um anel muito poderoso que era desejado por uma entidade muito mal e causava guerra e desespero por onde passava, ou quando fui um gangster na italia e ajudava ladrões a transportarem whiskys feitos de milho durante a lei seca, ou, irei mais longe e contarei da vez que eu fui a morte, e observei a vida de uma pequena menina.
Em um certo momento, inevitavelmente eles irão perguntar:
- Papai, mas como você viveu tudo isso? Você tá mentindo? - Responderei: Não, meus filhos, eu fui tudo isso, e fui muito mais.
- Mas como?
- Lendo, meus filhos.Vivi todas essas aventuras um livro após o outro. Começando pelos Gibis do Capitão América, passando para pequenos livros infanto-juvenis e depois chegando as grandes obras.
Os livros são objetos mágicos que podem fazer você viajar para todos os lugares, conhecer pessoas e viver vilões ou mocinhos sem sair da sua casa. Haja visto que o hábito de ler é um dos mais importantes que existem, hábito este que deve ser cultivado desde a infância até a velhice, porque bons hábitos nunca devem morrer. O livro também é uma ferramenta vasta de conhecimento, presente na escola, na faculdade, na pós-graduação e na labuta diária de qualquer profissional. É como uma escada ascendente, que o primeiro degrau é abrir o livro , o segundo, ler o primeiro capítulo, e assim até terminar a escada com o término do livro e fazer você sentir falta de seus personagens e o enredo que os liga. E o mais importante disso tudo: quem lê, critica, quem critica, tem dúvidas, quem tem dúvidas, procura perguntas, quem procura perguntas, acha respostas, e quem acha respostas, detém de conhecimento, e pessoas que detém conhecimento são as pessoas que mudam o mundo.
Todo essa introdução apenas para fazer uma "denúncia" que soa mais como um conselho, ou um aviso para a nova administração da Prefeitura Municipal de Várzea Alegre, principalmente à Secretaria de Educação e a de Cultura: a biblioteca pública municipal precisa URGENTEMENTE de uma atualização no seu acervo. Hoje (25/01), ao visitá-la em busca de alguns livros para ler, deparei-me com um acervo de livros antiquados e mal conservados, livros contorcidos armazenados em prateleiras que estão abarrotadas por falta de espaço e organização funcional.
Fui muito bem recebido pelo funcionário (Isso mesmo, apenas um funcionário), disso nada à reclamar, porém, reitero, além do acervo desatualizado e deteriorado, os locais destinados à leitura não são apropriados, ficam no meio de um vai e vem de pessoas e em meio à vários pedaços de pau e entulho provenientes de uma construção que eu não posso afirmar se já foi concluida ou não. Além do que, a área de leitura fica ao lado do 'gabinete' do Secretário de Cultura Milton Bezerra, local de constantes reuniões e atendimentos para com a comunidade, por isso, sempre cheio de conversa e barulho, deixando a leitura impossível para aqueles leitores de ouvidos mais sensíveis ou incomodados. Vale salientar também, que o local é quente, com um fedor de mofo proveniente de alguns livros que, vieram com D. Pedro I nas caravelas. Sarcasmo? Não, queria que fosse.
Existem algumas perguntas à serem respondidas: Há quanto tempo o acervo foi renovado? O prédio é realmente o único lugar disponível? O Governo Federal não repassa verbas para a atualização e conservação da Biblioteca? Não seria possível um maior esforço por parte da administração para com os livros? Quando será organizado, por parte da Secretaria de Educação, um programa de incentivo para a leitura dos estudantes do Ensino Fundamental e médio desta cidade?
Como isso seria resolvido? Seria resolvido com um novo prédio para a Biblioteca Pública. Um prédio não tão antigo e com condições climáticas, estruturais e de pessoal para administrar um bem tão importante em uma cidade. Separar o ambiente de reuniões e discussões de uma secretario e troca para o silêncio que é preciso para uma concentração necessária para estudar ou ler uma obra literária. A compra de novos livros e, consequentemente, a renovação do acervo literário que, diga-se de passagem, é escasso e incompleto.
Resolveria também com um programa de incentivo à leitura. Não adianta querer forçar Machado de Assis ou Fernando Pessoa goela à dentro de um adolescente que nunca leu um livro, ele não vai gostar, vai ser cansativo e desinteressante. Tem que começar do início, livros que interessem e prendam a concentração do leitor novato, uma leitura voltada para assuntos que ele se interessa: gibis, ficção, livros que viraram filmes, contos de fada e etc. Assim, mais jovens estariam engajados na renovação da Biblioteca, podendo até doar livros ou angariar fundos para tal movimento.
Em resumo, trago esse problema não com o intuito de causar confusão, desavenças ou atacar ninguém, trago este problema para fazer pensar àqueles mais preocupados com o futuro das nossas escolas e dos nossos adolescentes, que ao saírem do ensino médio, são aterrorizados pelo bicho papão do escuro chamado vestibular, muitos que seguem o caminho dos desafios no escuro, sobrando todos que sabem fazer uma chama para guiá-los. A chama é o conhecimento, e o combustível é o estudo.
Deixo o leitor que chegou até o final deste texto, uma passagem linda da obra "Ecce Homo" do grande filósofo alemão Friedrich Nietzsche, que, no capítulo entitulado "Por que eu sou tão sábio" divaga: ipsis litteris
"Meu coração, sobre o qual meu verão queima,esse verão curto, quente, taciturno e supra-aventurado: como o meu coração canicular clama por teu frescor!Passada é a tristeza vacilante da minha primavera! Foram-se os flocos de neve da minha maldade em junho! Verão eu me tornei, verão à tarde...Um verão no alto, com fontes frescas e sossego venturoso: oh, vinde, meus amigos, a fim de que o sossego se torne ainda mais venturoso!"
Um abraço!
Assino em baixo com conhecimento de causa porque trabalhei ali durante masi de três anos e nunca me conformei com o descso para com aquela instituição tão importante para a nossa formação e conhecimento.Parabéns pelo texto, espero que com a coragem de alguém conseguirmos mudar alguns comportamentos!
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