O LIMIAR DA ALIENAÇÃO

Não se pode negar que viemos de uma herança religiosa cristã católica, o que indica que cremos em Deus de um modo que se fundou nas inóspitas areias israelitas há milhares de anos. Deus, o Diabo, são figuras que permeiam nossas crenças, que orientam nossa concepção de bem e do mal.

O Diabo foi criado por Deus, belíssimo, um de seus funcionários mais elevados, quando a soberba o invadiu e ele acabou promovendo um motim que mudou o seu nome: de Lúcifer a Satanás. Mas isto não significa propriamente uma mudança física, ora bolas, a maldade não nos deixa mais feios. Se assim fosse ao invés de cirurgias plásticas e cosméticos praticaríamos caridade ostensiva.

O que quero dizer com tudo isso?

A nossa visão turva de maldade, moldando nossa visão em algo longe até mesmo das doutrinas que pensamos que acreditamos e seguimos, pintamos demônios e teorias da conspiração. Nossa inveja faz-nos pensar que todos os bem sucedidos fizeram pacto com o demo, todos os que se dão bem, a despeito de nossa alienação e incompetência, são filhos do maligno.

Imbecilidades que livremente circulam nas redes sociais.

Desta forma aliena-se o homem, certa vez ouvi de uma fiel de minha igreja de que quando uma mulher feia atrai homens bonitos é na verdade uma sedução do demônio. nem vou comentar minha opinião sobre isso.

De um modo geral, tenho visto, tal qual a SS (que vai muito além de Hitler), os líderes religiosos demonizam quem lhes convém para manipular a mente de jovens acostumados a informações prontas, jovens que recebem tudo pronto da internet e não sabem discernir entre uma falácia de uma verdade, na verdade nem sabem o que é uma falácia, se aquele "homem de elevado contato com Deus" falou então é porque deve ser verdade.

E assim cria-se monstros que destroem a si mesmos, envenenando seu conhecimento, intelecto e fé simples, tal qual pregada por Cristo, por uma infinidade de rituais que não influem nem contribuem, apenas atrapalham o desenvolvimento psíquico, a interação social e a auto-estima, de maneiras quase sempre irreparáveis.

Até quando usaremos a figura de Deus para explicar nosso insucesso, para atingir nossos inimigos, para nos elevar de alguma forma que não conseguimos por nossas pífias habilidades?

Esse é um questionamento complexo, mas que deve ser tratado urgentemente, pois o 666 está sendo gravado na mente dos nossos jovens, pelos mesmos que se dizem portadores do 777.

Aos bons entendedores, este texto basta. Para os raivosos, sou cristão convicto.